segunda-feira, 21 de março de 2011

Quem ama sozinho, não ama a si mesmo. Isso também é uma escolha!

 Mulheres muitas vezes se queixam de amar demais. Não sei se é uma mania feminina. Se é uma generalização injusta. Mas há uma sensação meio assim: mulher cobra mais amor, cobra mais atenção, e é capaz de fazer loucuras quando sente que não é correspondida. Até que ponto isso é verdade ou um mito, sinto dificuldade de responder. Homens e mulheres sofrem por amor – ou melhor, sofrem por desamor, por rejeição. Mas, sem dúvida, mulheres falam mais disso do que os homens. Tanto que existe o tal do MADA – mulheres que Amam Demais Anônimas. E não existe o correspondente masculino. Não existe, por exemplo, um HOMADA…Será que o homem tem mais pudor de se confessar trocado ou deixado?
marilia-1Para tentar entender melhor as obsessões e dores dos homens que são rejeitados ou traídos mas não conseguem se libertar da lembrança de suas ex, a jornalista Marília Gabriela decidiu escrever um livro com histórias verídicas. Ela publicou há alguns anos ‘Eu que amo tanto’ : confissões de 14 mulheres que se dispuseram a admitir seu amor doentio, seu ciúme patológico, sentimentos que acabaram por contaminar e destruir relações que poderiam (ou não) dar certo. Todas mulheres comuns, algumas podem ser nossas amigas. Ou nós mesmas. É fácil ver quando a amiga está obcecada por um homem. Além de ela não parar de falar nele – mesmo depois da separação -, não consegue se interessar por ninguém anos e anos. Algumas boicotam seu emprego, a relação com os filhos, o prazer e a vida. Sem perceber, enlouquecem…é uma doença.

Marília fala sobre o livro dos homens. Aí vai seu depoimento:

“Quando anunciei que escreveria o livro sobre os amores doentios masculinos, comecei a receber dezenas de emails e telefonemas de homens que queriam dar seu testemunho. A surpresa é que muitos falavam não de doença, mas de lindos amores de sua vida, de como a vida tinha sido intensa, tantas mulheres, tantas paixões. E eu explicava: Não é isso que busco. Na verdade, procuro histórias de homens que admitam ter amado a ponto de perder a compostura, perder a vergonha, dar vexame. É quando sua autoestima fica baixinha, quando você fica muito vulnerável. Estou no processo de selecionar os casos, para então sentar com cada um deles e ouvir tudo que aconteceu na vida, desde a infância. Com o livro das mulheres, foi mais fácil porque no MADA elas já pedem socorro, elas reconhecem estar numa situação de fragilidade muito grande. Os homens dificilmente falam sobre suas obsessões.

No livro Eu que amo tanto, a amostra foi representativa da brasileira. Diferentes classes sociais, ocupações, há a manicure, a bombeira, a enfermeira, a professora, a jornalista de política, a modelo, a empregada, a secretária, uma bela amostragem. Todas absolutamente anônimas. Também embaralhei um pouco as histórias. Nas mulheres que falam muito abertamente de si mesmas, bate uma neura depois, tipo ‘será que vão me reconhecer?’ Por isso, tive muito cuidado mesmo para preservar a identidade. Só coloquei nome (fictício) numa última história. Um homem preso, uma estudante que o visitava e era a rainha do presídio, às vezes eu mesma me sentia como ela num túnel sem fundo, ao ouvir seu relato.
Agora, os homens que me procuraram têm de 20 e poucos a 50 e tantos anos de idade. Estão mesmo se dispondo a falar sobre o assunto de maneira aberta. Há histórias de amor obsessivo, que duram anos, atravessam encontros e desencontros. Um deles acha que a ex cumpriu o destino ao deixá-lo na mão. E mesmo sabendo que estou garantindo o anonimato, ele já disse que pedirá permissão a ela para contar tudo. É como se ele estivesse usando a ideia de falar para mim, falar para o livro, como mais uma última ou penúltima tentativa de reaproximação.
Estou procurando o lado escuro. Quando lemos casos assim, de loucuras feitas por amor, dificilmente você consegue não se identificar em algum ponto. Às vezes, pensamos: nossa, eu seria capaz de fazer a mesma coisa. Como se dá esse processo nos homens?
Esse tipo de livro tem uma utilidade. É a pessoa perceber que não está sozinha nesse sofrimento. Isso acontece. Não há por que ter vergonha. Em Minas Gerais, fui falar sobre isso e o teatro lotou. As mulheres todas queriam falar a respeito. E queriam saber se eu tinha me identificado. Como se fosse para ter em mim a confirmação de que ‘eu não sou maluca’. Essa entrega é um pouco resultado de nossa cultura. Nosso testemunho, como mulheres, do que vimos, do que presenciamos como prova de amor ou como relação de amor.”
Quando Marília lançou o livro sobre as mulheres, revelou que, durante o período em que esteve casada com o ator Reynaldo Gianecchini, fazia todo mês uma loucura por amor.
“Conheci o Giane em uma noite de lua cheia e, por isso, independente do local onde ele estivesse, sempre que era lua cheia, eu pegava um avião e seguia em direção a ele”.
E você, já fez muitas loucuras por amor ? Sabe identificar quais foram as loucuras saudáveis e quais são, até hoje, inconfessáveis por serem humilhantes ou delirantes ? Quais loucuras alimentaram a paixão e quais levaram você ao fundo do poço ? Ou nada disso jamais aconteceu?
(Época - 14 de março de 2010 - Blog 7 Mulheres)

"...a vida é feita de escolhas...Sempre desejo sorte a todos...sejam quais forem as suas  escolhas...."

Beijosss Luzzz... 
Sandra

Um comentário:

  1. Também acredito ser uma escolha, mesmo que de forma inconsciente.
    Excelente tema para uma boa conversa.
    No aguardo.
    Parabéns pelo blog!
    bjss

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